sexta-feira, 18 de março de 2011

Devido à epilepsia Rui Pedro pode ter esquecido a família

«Rui Pedro, o menino que desapareceu há treze anos, pode ter esquecido a família e a vida que teve em Lousada. A convicção é de Teresa Lavandeiro, médica do Hospital de S. João, no Porto, que ao ser ouvida pelos inspectores da Polícia Judiciária garantiu que caso Rui Pedro tenha estado alguns dias sem tomar os medicamentos para a epilepsia, doença que padecia desde os três anos, o mais certo é ter sofrido lesões cerebrais que o fizeram esquecer o passado.




Nas declarações constantes do processo que o CM consultou, a médica garante ainda que caso Rui Pedro esteja vivo e tenha perdido a memória pode nunca mais vir a recordar-se de quem era e dos momentos que passou juntos dos pais e da irmã Carina.

"O menino pode ter perdido todas as vivências passadas e sofrer uma grave alteração de personalidade", lê-se no processo.

A tese de Teresa Lavandeiro foi investigada pelos inspectores e adensou ainda mais a possibilidade de o menino estar inserido numa rede de pedofilia. Sem memórias de uma vida passada, seria bastante fácil para os raptores manipularem o menor, que hoje será um homem de 24 anos, fazê-lo acatar as suas ordens e levá-lo a acreditar que a sua identidade era outra.

A hipótese de Rui Pedro não se lembrar de quem é tinha sido também já colocada pela família. Após Afonso Dias ter sido acusado de rapto, Filomena, mãe do menor, confessou acreditar que o filho não se lembre da vida passada.

"Acredito que o Pedro está vivo, mas que se esqueceu de quem era. Ainda há dias houve um caso na Venezuela onde uma menina não se lembrava da família e acredito que só quando o Pedro voltar para casa é que se vai lembrar do seu passado", disse Filomena Teixeira.

PROTEGIDO DESDE A INFÂNCIA

Oriundo de uma família humilde e com seis irmãos, Afonso Dias sempre foi protegido pelos populares de Lousada, incluindo a família de Rui Pedro. Desde muito pequeno recebeu a ajuda de várias pessoas, que o incentivavam a ir à escola, davam-lhe comida e deixavam que tomasse banho em suas casas. O homem, que agora trabalha como camionista no estrangeiro, passou a juventude a realizar pequenos trabalhos domésticos que a população lhe pedia, conseguindo assim angariar algum dinheiro.

Foi exactamente com a intenção de ajudar Afonso que Filomena deixou que o homem cuidasse dos dois filhos e frequentasse a sua casa e a escola de condução. Durante muito tempo, Afonso teve a seu cargo Rui Pedro e a irmã. Ajudava-os a fazer os trabalhos da escola e levava-os várias vezes a passear.

"FALA NOS PAIS E OLHOS BRILHAM"

Rui Pedro é sempre caracterizado pela família como sendo um menino extrovertido, aventureiro e maduro para a idade que tinha. Gostava muito da irmã Carina e tinha uma adoração pelos pais, que está expressa numa das fichas escolares do menino juntas ao processo. "O Rui Pedro é inteligente. Os olhos brilham sempre que fala nos pais", escreveu a antiga professora do menor na altura.

DOENÇA PIOROU UM ANO ANTES

Rui Pedro começou a frequentar as consultas do Hospital de S. João um ano antes do desaparecimento, altura em que a doença piorou. O médico de família, que cuidava do menino desde os três anos, decidiu que o melhor seria o menor ser acompanhado por uma médica especializada na doença.»


in CM online, 18-3-2011


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